Um dia de sol, um cavalo e um menino!

Um dia de sol, um cavalo e um menino. Minha memória registrou essa cena como uma fotografia, dessas feitas para serem atraentes aos nossos olhos, com esses três elementos que são quase onipresentes nesse tipo de trabalho fotográfico: o sol, o cavalo e a criança. Interessante que vejo essa cena de longe, mas comigo nela, de costas indo na direção do sol, ao lado do cavalo, de mãos dadas com o menino, e com um enquadramento perfeito para a foto sair bonita.

Esse é o registro que tenho guardado, como um presente de Deus do meu primeiro encontro com o Gabriel. Não imaginava nesse dia que ele seria meu filho. Mas fiquei impressionado com sua esperteza, seu jeito de falar, contando histórias de sua vida antes da casa de acolhimento. Brinquei com ele, coloquei encavalado nos meus ombros e passou a meia hora da praticante de equoterapia que ele estava acompanhando junto com a  “Tia Preta”, a cuidadora da casa de acolhimento. E o Gabriel foi embora.wanderlei3

De vez em quando nós dois nos encontrávamos quando eu ia visitar a casa de acolhimento, mas ainda estava adormecida em mim a minha vontade de ser pai de um menino. Eu, pai de gêmeas, apesar das pessoas acharem que eu tivesse o desejo de ser pai de um guri, estava completamente realizado com a minha paternidade do jeito que era. Até que um dia, em uma páscoa que, com a minha equipe de trabalho, organizamos para as crianças do abrigo, encontrei o Gabriel novamente. Numa data em que comemoramos o renascimento, algo assim aconteceu comigo. O renascer de um desejo que um dia eu tive e que talvez estava adormecido em mim. Agora queria ser pai de um menino. Queria ser pai do Gabriel!

Fui procurar os meios para que essa vontade fosse realizada. E, de todas as pessoas que estavam envolvidas no processo de adoção dele, eu ouvi que não era possível escolher a criança que eu queria… Que era pra eu não ter esperanças a esse respeito… Que tinha uma fila a ser respeitada… Mas não mudei de ideia. E quando preenchi o questionário para o ingresso no cadastro nacional de adoção deixei claro o desejo de adotar o Gabriel e a Dani.

A Dani… wanderlei1

Pois é!! O Gabriel tinha uma irmãzinha. A Dani. Descobrimos a Dani nesse intervalo de tempo. Sua inteligência impressionante, suas respostas e tiradas engraçadas e  seu jeito de bebê logo cativaram a Elis, minha esposa e a Isadora e a Luisa, nossas filhas. Eu estava, ainda, quase que obcecado pelo Gabriel mas a Dani é uma dessas “pessoinhas” que é impossível não se apaixonar. Seu gênio forte e sua percepção das coisas contribuíam, ainda mais pra isso. E então me apaixonei por ela e pela família que teria no futuro. E então aconteceu…wanderlei2

No meio  de uma viagem que nós quatro fazíamos, recebemos a notícia de que Gabriel e Dani seriam nossos filhos, contrariando as advertências que não era possível escolher quem iríamos adotar.

Mas o quadro daquele primeiro encontro com o Gabriel já estava montado desde aquele momento. A fotografia já estava tirada. Nós fomos escolhidos pelo fotógrafo que se chama Deus. E com um Photoshop perfeito agora estamos todos juntos na foto: Dani, Gabriel, Elis, eu, Isadora e Luisa. E a foto ficou completa. E a família ficou completa. E muito mais bonita.

 Por Wanderlei Terra – AFAGAS

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